quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Os condutores que engoliram um polícia de trânsito

Não acho que os portugueses conduzam especialmente mal – pelo menos, não desde que fui a Malta, onde a regra de prioridade parece ser quem chega mais rápido e tem mais coragem. Mas acho que os portugueses – e provavelmente os outros povos também – mostram muito a sua personalidade (e as suas frustrações também…) ao volante, o que dependendo do sentido de humor do observador pode ser muito divertido.


Nem me vou referir aos condutores nervosos, que quase que têm um ataque de ansiedade sempre que alguém passa à frente deles para a sua faixa e descarregam a sua raiva na buzina – partindo do principio que o que incomoda é o som, incomoda mais quem toca do que quem ouve, mas isso não interessa, é um conforto psicológico, com certeza.

Esses, os nervosos, já foram muito falados e caricaturados e já não despertam o meu interesse, nada disso!

Os meus condutores favoritos são os moralistas, aqueles que ficam extrema e profundamente indignados sempre que alguém não cumpre uma regra do código da estrada, mesmo que a mesma não ponha em risco nada nem ninguém e dê até fluidez ao trânsito. Recusam-se a colaborar com esse tipo de coisas e ficam na deles, muito empertigados, como se tivessem sido de alguma maneira ofendidos e complicando e atrasando a vida de toda a gente, incluindo a deles!!!!



Dois exemplos:

Este Verão, em A., uma pequena e conhecida vila junto à praia no Algarve, bastante apinhada de gente na altura, por engano entramos numa via de sentido proibido (por acaso não era eu que ia a conduzir, mas só por acaso!). No entanto, a estrada era suficientemente larga para que passassem dois carros em sentidos diferentes e sem sequer ficarem muito apertados. Enganamo-nos e, assim que demos pelo erro, íamos fazer inversão de marcha. No entanto, vinha um jipe na direcção oposta à nossa, ou seja bem. Naturalmente, e para não o obrigarmos a esperar, paramos e fizemos sinal para que passasse. Qual quê! Buzinou e gesticulou, indignado, porque não podíamos estar ali e para se certificar que não continuávamos ficou à espera que fizéssemos a manobra de inversão de marcha e só depois continuou. Só foi chato para os carros que estavam atrás dele e que tiveram de esperar face a este… excesso de zelo.



Em Lisboa, todas as manhãs, na Rua das J.V., há uma zona onde está uma escola e os pais estacionam frequentemente em segunda fila para entregar os bebés, obrigando a que as pessoas que circulam na direcção de S. tenham de ultrapassar, passando para a outra faixa. Por vezes, chegam a estar uns cinco carros em segunda fila. Naturalmente, as pessoas que estão a passar não têm qualquer culpa e é mesmo necessário que ultrapassem, utilizando a faixa contrária, caso contrário o trânsito não flui, ninguém chega ao trabalho a horas e a produtividade do país baixa. No geral, as pessoas que circulam na outra faixa são compreensivas e esperam um pouco atrás, dando espaço aos carros que já iniciaram a ultrapassagem para ultrapassar toda a fila. No entanto, por vezes aparecem uns espertos que, provavelmente achando que têm muita razão porque a via do outro é que está interrompida e logo é o outro que têm de esperar, avançam, mesmo quando já há carros a ultrapassar a fila, obrigando-os a recuar em marcha atrás durante uma série de metros… e muitas vezes os carros atrás deles também. Vão buzinando freneticamente, como se estivessem a ser muito prejudicados porque o outro se atreveu a ultrapassar quando o carro deles ainda nem se via em vez de se prontificar a esperar eternamente até à sua faixa estar desimpedida e então passar. Claro que isto demora muito mais tempo do que simplesmente esperar um pouco atrás e deixar passar, até porque ninguém começa a ultrapassagem quando vê que há carros do outro lado.



É realmente incompreensível!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Fazem-me sempre pensar que estão a perder uma grande carreira como polícias de trânsito, com a ressalva de que já encontrei polícias com muito mais bom senso e sentido prático!

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