quarta-feira, 1 de setembro de 2010

As piscinas municipais de P. versus as piscinas das Pousadas de Portugal e outras piscinas

Viajar e o Verão são óptimas oportunidades para observar as pessoas e os lugares. É sobretudo muito divertido ver como as pessoas condizem com os lugares que frequentam e têm comportamentos tão, mas tão diferentes entre si. As piscinas são um local tão bom como qualquer outro para nos deliciarmos com o comportamento humano!!!!!!!!


Eu e o N., como somos pessoas com um espírito global (e por circunstâncias do destino, que ditaram uma visita um pouco forçada às piscinas municipais de P.!...) tivemos a sorte de ir a vários tipos de piscinas este ano!!



Agora notem bem as diferenças:

Nas piscinas das Pousadas de Portugal, as crianças usam fatos de banho caros e de marca e óculos de Sol. Os rapazes vestem normalmente calções de banho às risquinhas e, sabe-se lá porquê, usam em grande número um fio de prata com uma cruz ao pescoço. Podem ter duzentos irmãos mas, por incrível que pareça, nenhuma família faz muito barulho. As crianças mergulham sem fazer salpicar água num raio de cem quilómetros e nadam civilizadamente, contornando os outros frequentadores da piscina (será algo assim tão difícil?...). Quando têm fome, os pais pedem uma sandwich de uma pasta de qualquer coisa, com uma folha de rúcula ou algo assim, e um sumo natural e eles comem e bebem, calma e educadamente, nas suas espreguiçadeiras. Quando é hora de sair da piscina, os pais vão chamá-los e tentam convencê-los a sair através dessa arma poderosa que é o diálogo, sem que as pessoas todas das povoações vizinhas ouçam a conversa.



Na piscina municipal de P., as crianças usam fatos de banho que parece que foram comprados naquelas lojas de artigos variados («chineses», antigas lojas dos trezentos, etc) ou então que saíram numa revista qualquer, desde que a pessoa pague mais 5 euros e não se importa que dez por cento da praia tenha uma peça igual. Perturbadoramente, muitos rapazes usam tanga ou calções de banho demasiado justos, o que faz qualquer cidadão sensível temer relativamente à ideia de os voltar a encontrar dez anos mais tarde numa praia ou piscina. Ninguém usa óculos de Sol mas, em compensação, existem vários miúdos que… usam óculos de mergulho (deve haver imensos peixes numa piscina municipal, com certeza, ou plantas raras!). Por razões que a própria razão desconhece, usam esses óculos de mergulhador sobre a testa, como que a fazer de bandelete. Talvez achem que dá estilo, é a única explicação que me ocorre. Também parece que têm qualquer coisa contra o silêncio, ou falar baixo, e como tal fazem barulho desalmadamente. Gritam, berram, urram e fazem todo o tipo de sons possíveis e imaginários, como que a tentar impedir as pessoas que estão lá por engano de lerem o seu livro (sem dúvida que ler nas férias lhes deve parecer extremamente bizarro!). Mas o pior não é isso. Parece que sofrem de uma qualquer estranha e rara compulsão psiquíca que os faz ter impulsos constantes e incontroláveis de dar saltos à maluca para a água. Estão constantemente a mergulhar, com grande estardalhaço, tal qual pipocas num tacho, a fazer esguinchar água em todas as direcções e quase até Espanha e a impedir qualquer pessoa de estar normalmente na piscina… isto porque não olham para onde saltam e estão prontos a cair em cima de um qualquer distraído suficientemente ingénuo para achar que o miúdo olha para onde salta ou que o pai ou a mãe estão a tomar conta dele e o avisam para ter cuidado com as pessoas. A nadar, parecem «lemmings», nadam sempre em frente e os outros que se desviem!!!! Divertido é quando se encontram dois espécimes destes em linha recta e sentido contrário... Quando têm fome, comem sandochas (aqui o nome muda!) de mortadela, enroladas em papel de alumínio, batatas fritas de pacote e bebem sumos com gás. Os pais fazem-lhes todo o tipo de ameaças bastante ridículas e irreais para que comam rápido (se lhes der jeito) e para que saiam da piscina… tudo em decibéis suficientemente altos para um surdo ouvir. Costumam também ser queridos na forma como tratam os filhos nessas ocasiões, usando expressões amorosas e fofinhas como o «raio do puto», «dou cabo de ti se não vens já para aqui» ou «diabo do miúdo», entre outras.

Dá algum medo ser criança nas piscinas municipais de P., confesso!



Mas depois ainda há outro tipo de piscinas, as piscinas fluviais. Nestas, a língua mais popular é o francês e parece que há competições diárias de saltos acrobáticos para a água, felizmente para a parte funda do rio ou da barragem, sem incomodarem ninguém, ou pelo menos os egoístas que não se preocupam que eles partam o pescoço por se atirarem, aos dez anos, de uns bons palmos de altura. Confesso que, desde o Verão passado, quando passei férias perto da Pampilhosa da Serra, até sou relativamente fã dessas piscinas, pelo menos à falta de praia-praia. Mas este ano eu e o N. encontramos uma piscina fluvial verdadeiramente deliciosa. Então era assim; tudo muito arranjadinho à volta, com um bar, nadador salvador, montes de avisos relativamente a tudo e mais alguma coisa, excepto quanto ao chão da piscina. Isto porque a piscina, que fica num rio, e está construída em estruturas de madeira sobre a água, tem como chão… uma rede de pesca, por sinal de fio que não parece muito forte. Ou seja, a pessoa entra tranquilamente na piscina, pensando que tem chão – estranho, isso de se pensar que as piscinas têm chão!! – pousa o pé e… é uma rede, apenas uma rede! Mais, corre-se o sério risco de a rede rebentar com o peso de alguém e a pessoa ficar presa no buraco, afogando-se única e somente por causa desse importante artefacto de segurança! Ou seja, não se pode andar lá, apenas nadar. Melhor e mais inteligente ainda; normalmente, ao lado destas piscinas, há uma piscina para crianças, muito menos funda e adequada para bebés e miúdos para aí até os seis anos. Essa piscina também tinha um fundo de rede, quando se está mesmo a ver que os miúdos pequenos nem são normalmente grandes nadadores nem têm grande habilidade para caminhar sobre redes. Este tipo de chão também é muito favorável aos pais que têm de entrar na água com os bebés… dá imenso jeito. Mas para que nenhum risco fosse descurado, essa piscina já tinha um buraco na rede, suficientemente grande para um miúdo pequeno enfiar lá um pé e já não conseguir sair dali sozinho!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!



Posto tudo isto: VIVA A PRAIA!

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